A perda auditiva causada por problemas no ouvido externo ou médio é chamada
perda auditiva condutiva. Se os danos são no ouvido interno, chamamos de
perda auditiva neurosensorial. Se ambos os casos ocorrem ao mesmo tempo,
chamamos de perda auditiva mista.
TIPOS
Deficiência auditiva condutiva: Qualquer interferência na transmissão do som
desde o conduto auditivo externo até o ouvido interno.
Deficiência auditiva neurossensorial: Ocorre quando há impossibilidade de
recepção do som por lesão das células ciliadas ou nervo auditivo.
Deficiência auditiva mista: Ocorre quando há uma alteração na condução do som
até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo
auditivo.
Deficiência auditiva central: Este tipo de deficiência auditiva não é,
necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva,
mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão
das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de
processamento da informação sonora no sistema nervoso central.
O QUE SIGNIFICAM OS GRAUS DE PERDAS AUDITIVAS?
O grau da perda auditiva varia de pessoa para pessoa.
Entre os dois extremos de se ouvir bem e não se ouvir nada há vários graus de comprometimento. Os termos usados para descrever os graus de perda são leve, moderada, severa e profunda. Muitas das perdas auditivas são leves a moderadas.
Para melhor compreensão dos níveis da perda, exemplificaremos com uma imagem que perde o seu brilho, a sua cor.

Perda auditiva leve
Incapacidade de ouvir sons menos intensos e dificuldade para ouvir em ambiente ruidoso.

Perda auditiva moderada
Incapacidade de ouvir sons menos intensos e de intensidade moderada, dificuldade considerável em entender a fala, especialmente na presença de ruído de fundo.

Perda auditiva severa
Incapacidade de ouvir a maioria dos sons. Os falantes precisam aumentar a intensidade de voz para que os ouçam. As conversas em grupo são possíveis, mas somente com considerável esforço.

Perda auditiva profunda
Alguns sons muito intensos são audíveis, mas a comunicação sem aparelhos auditivos ou linguagem de sinais é muito difícil.

O impacto da perda auditiva no entendimento da fala
A perda auditiva de orelha interna (perda auditiva neurossensorial) inicialmente afeta sons de frequências altas. Esses sons agudos como ‘s’, ‘f’, ‘ch’ e ‘t’ têm papel essencial no entendimento da fala. Esta é a razão pela qual a pessoa que tem perda auditiva sempre diz: “Posso ouvir, mas não entendo o que está sendo dito”.
A perda auditiva reduz de forma drástica a capacidade de se entender a fala. As sentenças abaixo simulam como pode ser a percepção de alguém com perda auditiva:
Hoje saí na chuva.
Hoje aí na chuva.
Hoe aí na uva.
Hoe aí na ua.
Ho í ua.
Consequências
Nos Estados Unidos, em 1999, o Conselho Nacional sobre o Processo de Envelhecimento (NCOA – National Council on the Ageing) realizou uma pesquisa com pessoas acima de 50 anos portadoras de perda auditiva.
A pesquisa do NCOA mostrou que grande parte dos usuários de aparelhos auditivos relatou melhora considerável de qualidade de vida a partir do uso do aparelho auditivo.
A pesquisa revelou ainda que, em comparação às pessoas usuárias de aparelhos auditivos, as não usuárias apresentavam mais probabilidade de relatar:
- Desgaste emocional e insegurança
Com relação às pessoas cuja perda auditiva foi tratada, entre benefícios relatados tivemos:
- Melhor relacionamento com a família
- Melhor sentimento com relação a si próprio; auto-estima mais elevada
- Maior independência e segurança
Mais da metade dos usuários relataram melhora nos relacionamentos domésticos e no nível de auto-estima. Cerca de 40% disse que sua vida havia melhorado no geral, que se sentia melhor mentalmente e que tinha agora um grau mais elevado de auto-confiança.
O QUE É UMA AUDIOMETRIA?
Teste para detecção de perda auditiva
Se há suspeita de perda auditiva, deve-se fazer uma consulta com um médico
otorrinolaringologista, que fará a avaliação e solicitará alguns exames, dentre
eles a audiometria.
A audiometria é um exame indolor realizado pelo fonoaudiólogo e consiste
basicamente na definição do menor limiar de audibilidade individual em diferentes
frequências sonoras, através de um audiograma, além do reconhecimento de fala.
O profissional utiliza os dados colhidos para determinar o tipo e grau da perda
auditiva.
CUIDADOS NA INFÂNCIA
É muito importante observar a reação da criança para som. Se a criança não reage
a todos os sons, não responde quando é chamada, fala muito alto, aumenta muito o
som da televisão, tem dificuldade de aprendizado e demonstra falta de atenção, é
importante procurar um profissional de saúde auditiva.
Hoje existem sofisticados exames para detecção precoce da perda auditiva,
que podem ser feitos na própria maternidade como a Triagem Auditiva Neonatal
ou, popularmente conhecido, teste da orelhinha.
1- O que é Triagem Auditiva?
Também conhecida como teste da orelhinha, a triagem auditiva neonatal é além, de muito importante, obrigatória. Normalmente é realizada na própria maternidade, e se trata de um procedimento rápido e indolor. Uma oliva (sonda) de silicone é introduzida na abertura da orelha do bebê, e por ela, percorrem uma série de sons, produzidos por um equipamento. Quando a audição é normal, as células da orelha do bebê produzem uma espécie de “eco” em resposta a esses estímulos, e estas são captadas novamente pelo equipamento. Uma perda de audição detectada precocemente influencia diretamente no desenvolvimento da linguagem da criança. Por isso, a triagem auditiva é uma grande aliada no diagnóstico das perdas congênitas de audição.
2- Quando se trata de um bebê, é possível a mãe perceber essa deficiência pelo seu comportamento?
Ao nascer, o bebê apresenta apenas a audição reflexa que percebemos muito bem quando ele pisca os olhos ou se assusta em resposta a estímulos sonoros intensos. Os sons que têm maior significado para o bebê, como, por exemplo, a voz da mãe são os mais facilmente aprendidos. E esse sentido se desenvolve ao longo do crescimento do bebê. Por isso é fundamental observar se o bebê reage a sons, e em caso contrário, é importante a avaliação médica e fonoaudiológica para descartar quaisquer alterações auditivas.
3. Existem crianças consideradas do grupo de risco, por alguma condição hereditária ou doença que a mãe pode ter tido durante a gestação?
No Brasil existem alguns critérios de alto risco para desenvolvimento de alterações auditivas, elaborados pelo Joint Commitee on Infant Hearing, em 2007, que incluem: história familiar de deficiência auditiva; toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus; deformidades craniofaciais; baixo peso ao nascer ou pequeno para a idade gestacional; hiperbilirrubinemia; medicações ototóxicas; meningite e APGAR entre 0 e 4 no primeiro minuto e entre 0 e 6 no quinto minuto.
8. Que problemas ocorridos durante a gravidez devem deixar a mãe em estado de alerta?
A rubéola materna é uma das principais causas de deficiência auditiva, independentemente da fase da gestação. Outros fatores tais como incompatibilidade de fator Rh, distúrbios metabólicos, radiação, prematuridade, toxoplasmose, trauma de parto e falta de oxigênio ao nascer podem, também, ser agentes causadores de deficiência auditiva associada a alterações de desenvolvimento e a distúrbios neurológicos. Portanto, o acompanhamento médico por meio de um bom pré-natal e principalmente seguir as orientações médicas como, por exemplo, não tomar remédios sem prescrição, evitar radiografias, é fundamental.
4. Quais os sinais de alerta para que a mãe possa desconfiar que seu filho tenha alguma deficiência auditiva? A partir de quanto tempo de vida pode-se fazer algum diagnóstico?
De uma forma geral, é o atraso no desenvolvimento da fala, que leva a mãe a procurar a ajuda de um especialista. Porém a falta de estimulação nos primeiros anos de vida ocasiona perda importante de informações auditivas e de estimulação de vias auditivas que dificilmente se recuperam. Hoje em dia, como já comentado, existe a TANU que é um instrumento muito importante no diagnóstico precoce das perdas auditivas. Portanto, já ao nascimento, é possível diagnosticar alterações auditivas, por meio de um conjunto de procedimentos e da avaliação de uma equipe multidisciplinar.
5- A detecção precoce de distúrbios auditivos facilita o tratamento ou possibilita a criança se adaptar melhor aos aparelhos auditivos?
Sem dúvidas o diagnóstico e intervenção precoce são fundamentais no prognóstico de muitos distúrbios auditivos. Em alguns casos, quando a perda auditiva não é passível de tratamento médico, quanto mais cedo forem diagnosticadas, maiores serão as chances de sucesso na adaptação aparelhos de amplificação sonora e do emprego de métodos de treinamento apropriados, que permitam o desenvolvimento pleno de suas capacidades de comunicação principalmente quando se tratar de perdas auditivas severas a profundas.
APOIO A FAMÍLIA
Aprender a escutar com a ajuda de um dispositivo de amplificação sonora requer um período inicial de adaptação, tanto por parte do usuário como por parte dos que o cercam. A paciência é importante nas primeiras etapas. Lembre-se que, da mesma forma que uma perda auditiva é usualmente gradual, pode tomar tempo para acostumar-se com os sons novamente proporcionados pelo dispositivo.